Todo escritor (ou aspirante a tal), no fundo, quer ser lido...

Mas a maioria não é.

Por isso, quem sabe, alguém me leia. Ainda assim, me ler, por inteiro, por sua vez, não é indicado. Leia por você.
Leia porque você quer sair da sua zona de conforto. Leia porque você quer exercitar seu imaginário. Leia porque... — enfim, só leia.

Danillo Bordino

Hospedagem

13/06/2023

I

Na manhã depois de um preparativo rigoroso de espírito, Eugênio viu o que ninguém havia visto — sua consciência atingira o lado mais incandescente de uma vida medíocre. É claro que ele poderia estar ainda num estado quase onírico, pois acabara de se levantar. Mas a sensação, que saía de seu estômago, anestesiava sua garganta e subia letargicamente para seu cérebro, não podia ser comparada a nenhuma outra. Em um puro e leve momento de lucidez as coisas pareceram mais palpáveis e mais fáceis de se enxergar, até porque a claridade do sol se inundava pela janela do quarto.

Nunca tinha passado por nada grandioso, sempre fora terrivelmente perseguido por tudo aquilo que sua mente projetava; inclusive suas melhores lembranças misturavam-se com suas maiores fantasias. Nem sabia ao certo se algum dia, de fato, havia realmente existido. Mas naquela manhã, algo diferente o açoitava.

Tomou uma decisão inédita: ovos mexidos cobertos com queijo, tomate e orégano, além de um pão italiano fresco apontado no cardápio do hotel como o “melhor da América Latina”. Serviu-se a modo de realeza, não fez cerimônia diante de seus pensamentos mesquinhos revestidos de um altruísmo decadente e comeu em um ritmo tão cadenciado que não reparou na hora passada. Ligou o chuveiro enquanto se barbeava de forma lenta, aparando cada detalhe de sua barba falhada. Esqueceu-se por um momento o quanto aquele cavanhaque o deixava com aspecto de velho e cansado, de modo que se olhava no espelho e sentia-se alguém glorioso, como na história sempre existe alguém assim, exceto talvez, na sua própria história.

Escolheu a segunda opção (de duas) de roupa — calças pretas, sapatos pretos, camisa comprida preta e uma jaqueta de couro preta. Olhou-se novamente no espelho, mas desta vez não conseguiu reconhecer nenhuma figura notável dos filmes que incansavelmente assistia até a alta madrugada. Era como se estivesse nu, ali, parado, diante de si mesmo. Tomou uma nova decisão.

II

Os funcionários do hotel entreolharam-se acudidos de alguma convenção especial que imaginamos estar bem detalhada na cartilha das atividades diárias de hotelaria. Nada de novo sob o sol? “Apenas um maluco urinando numa planta artificial qualquer na entrada de nosso ambiente de trabalho”. Os seguranças se aproximavam de Eugênio e educadamente lhe diziam o que poderia ser feito e o que com certeza não deveria ser feito. Sobrou-se uma mescla de tédio e rigor diante da situação que, vista de fora dos outros quartos, parecia agradar aos olhos das alheias consciências curiosas. Sobre suas cabeças, uma nuvem de desejo inocente parecia não querer sair.

Quando o médico chegou, o clima já havia mudado de coloração por diversas vezes. Dentro de sua pequena maleta, procurou pelos equipamentos modernos, capazes de invadir qualquer corpo perturbado. Suas perguntas de praxe soavam como badaladas de sino no alto do melhor sono da madrugada. O diagnóstico rápido e preciso não pareceu surpreender ninguém, nem mesmo o hippie do outro lado da calçada da rua com um cartaz de papelão onde lia-se: “SALVEM AS MARITACAS!”. A aglomeração presente iniciava a dispersão categoricamente, num ato impecável da peça cotidiana de imprevistos.

III

A ala toda branca, preenchida apenas com pequenas faixas azuis e algumas verdes, sobrava no gigantesco complexo de prédios destinados ao tratamento de doenças invisíveis, e a equipe acolhedora logo terminou os preparativos regulares iniciais de Eugênio. Na entrevista anterior à próxima hospedagem, profissionais recém-formados vislumbravam, por detrás do espelho, a seguinte frase sendo dita pelo sujeito todo urinado vestido de preto:

— Eu só quero ser livre, porra!

"Escrever é uma forma de criar mundos que jamais seriam criados pelas mentes humanas. Se bem que... Hum, deixa pra lá."

Autor desconhecido

Aconteceu

(Desabafos do poeta louco Estevão Soares)

31/10/2023

Mas, me diga: o que foi que aconteceu? Um caminhão, uma carreta, ou melhor, um trem de tantas e tantas locomotivas atravessou sobre nossos corações? Por que endurecemos tanto? Será que foi porque transformamos a realidade em algo um pouco mais monstruoso? Temo uma tendência ao exagero ou simplesmente assistimos filmes com mais frequência que em nossos primeiros dias?

Em meio a tanta gente sem graça, cafona e careta, eu encontrei você: pronta para se atirar do parapeito de um prédio de dezesseis andares só para se sentir viva. Quando percebi, indignado, claro, não era uma tentativa infame de atentar a si mesmo: a corda estava bem amarrada em todo seu corpo junto com os equipamentos de segurança. Você só queria se jogar pra vida e sentir o ar inflar seus pulmões. Pulsação. Vida. Juventude. Eu me perdi nisso tudo e achei que o que tinha de bagagem seria o suficiente para te manter em meus braços. Me enganei tremendamente porque, por mais que eu fosse o cara que você sempre sonhou, eu não fui o cara que sempre sonhei ser, e isso me martirizou por longas e longas noites ao seu lado. Eu nem penso que eu seja o principal culpado, da mesma maneira que não pense que você seja exclusivamente culpada. Como seres humanos, erramos, e não tivemos a coragem de falar um na cara do outro o quanto erramos em conjunto. Simplesmente recolhemos nossas peças de roupas, arrumamos nossas malas e nunca mais nos vimos. O que foi que deu em você? Você pode me dizer, por favor? Você pode, por favor, utilizar algum argumento convincente que pudesse me fazer mudar de ideia? Porque sendo bem honesto, como sempre fui, eu não tenho a mínima pretensão de continuar assim; da mesma maneira que eu precisava de algo que pudesse trazer você de volta para mim, mesmo sabendo que esse plano ia dar no que deu.

Afinal, o que é esse tal do amor que tanto pregam por aí como uma coisa sempiternamente prazerosa? É isso mesmo? Eu discordo! Discordo claramente quando vejo que o amor nada mais é do que o enfrentamento diário de situações de um outro ser humano que não seja você mesmo. Ter que encarar, na pele, o que o outro passa e conviver não só com os seus próprios problemas, mas os problemas desse outro também pode ser algo torturante, pra não dizer impossível!

Sim, foi assim conosco! E dessa maneira, poxa, penso… Não! Prefiro não pensar! Pensar me dói a cabeça, porque quase tô sempre pensando em você, e isso me deixa angustiado por dentro e por fora. Chego a ter calafrios de pensar que dividíamos os cômodos da casa com aquele vapor de inocência pairando sobre nossas cabeças. Chego a sentir o gosto do hálito fresco em nossas bocas próximas ao nos deitarmos. Chego a me sentir a pior das criaturas ao pensar que a nossa do linha do tempo se desfez e, cada um seguindo sua própria linha, seguiu seu próprio caminho.

Por mais que eu quisesse fazer diferente, não fiz, porque naquele momento, eu não estava preparado o suficiente para entender que o amor foge de nossos controles quando não estamos equilibrados o suficiente. Você também não sabia disso, mas nunca vai admitir, não é mesmo? Sinto falta desse contrassenso; falta da teimosia; falta das discussões calorosas para decidir em que lugar iríamos sair para jantar. Oh, estou ficando velho? Um velho que se lembra apenas das lembranças que lhe convêm? Não sei, de verdade… De verdade, não sei. Sou apenas um poeta louco que vivo pelos cantos, de olhos baixos, pensando na próxima ação como se fosse a mais importante da minha vida e isso, de um modo pragmático, é como viver sempre em altas temperaturas, jamais morno, em busca do sofrimento como remédio para dor.

Sigo escrevendo tentando não procurar culpados, mas procurar a melhor saída para mim, porque a melhor saída para você… Bem, essa você já escolheu sem meu consentimento.

"Quando você lê, você ativa áreas do cérebro que só são exercitadas quando você faz uma prova prática pra tirar carta de motorista."

Especialistas de Harvard

Severina

01/07/2024

Severina, tão imponente, tão diferente. Severina, tão ordinária, tão mal instruída, casou-se cedo, aprumou-se precocemente, e apesar dos conselhos sábios de mãe, jamais pensou em uma vida diferente.

Tornou-se costureira — há quem diga que isso era uma faixada para atividades clandestinas.

Severina… Quem é que se chama assim e participa, ativamente, de atividades clandestinas?

***

Era setembro de 2016, chovia bastante, e o inverno em São Paulo era daqueles que fazia o Rio Grande do Sul sentir inveja. Severina, até então uma jovem, entendeu desde cedo que São Paulo nunca fora uma cidade para jovens. Jovens se perdem. Jovens entendem, erroneamente, que podem fazer de tudo, e que isso não será cobrado — ainda que lá na frente.

Perdoem-me novamente, minhas opiniões. Narrador formador delas, geralmente, não tem futuro.

Severina conheceu Beto, Beto Gonçalves — três anos mais velho e que tinha o nome real de Roberto, que pela criatividade de sua mãe, achou que fosse um nome original e que o apelido o tornaria conhecido pelas pessoas de bom caráter.

Levou no papo. O papo foi curto, é verdade, mas quem diz que precisa de muito pra que o amor aconteça, enfim, nunca amou.

“Meu nome é Beto”… “Meu nome é Severina”… “Você tem uma mão linda” … “Você também”. Era mentira. Severina não sabia o que falar e decidiu usar a mão como artifício de elogio — Severina era autêntica. Severina era ímpar, singular; Severina era Severina.

Casaram. Moraram juntos. Tiveram filhos, mas o primeiro se perdeu e Severina, abalada pelo que mais tarde se tornaria um trauma, dizia sempre que o primogênito permanecia ao lado dela, na cama, dormindo, em seu colo, usufruindo de seu leite materno.

Há quem diga que as histórias são inventadas; há quem diga que as histórias são todas reais e que, de alguma maneira, todo mundo se reconhece nelas. Severina, não. Severina era única, apesar de ser ordinária. Severina tinha medos; Severina tinha receios; Severina tinha prudência; Severina tinha amor pela vida; Severina, apesar da falta de recursos materiais, psicológicos, espirituais e outrem, amava a vida. Amava porque pensava que um poder maior que ela poderia salvar as criancinhas da rua, os mendigos e os perdidos pela bebida. Severina era assim.

Severina casou cedo. Severina estudou pouco. Mas Severina, tão serena, era sábia. Severina, com Beto, com seus filhos, com sua paixão pela costura, provou a si mesmo e para aquelas que se julgam mais inteligentes do que realmente são, que de modéstia, de humildade, de serenidade, nada se retém daquilo que não é original. A originalidade tem seu preço: o preço é alto, mas tem gente que não conta dinheiro, pois nunca soube o que é isso.

Severina…

"Os meninos de 7 a 17 anos que leram Machado de Assis na infância tiveram melhores chances no mercado de trabalho que os que leram Lima Barreto"

Especialistas da ABL

Decisões

02/07/2024

— Posso ser seu?

A pergunta, dotada de cinismo e alguns medicamentos, partiu de Otávio, que na escola trocavam uma letra do seu nome para que ele soubesse bem o que parecia em relação aos outros.

A resposta, por sua vez, não veio de cara. Marina, tão linda, tão inteligente — tinha cabelos cacheados, pele branca e um sorriso que entortava qualquer tição — não fora capaz de responder ao rapaz que se declarava tão pobremente a uma moça tão cheia de conteúdo.

Mas afirmam, e se é verdade eu não posso dizer, que o amor tem seus próprios métodos. O fato é que Otávio e Marina, logo depois daquela tarde passada na Pinacoteca, tiveram uma troca de fluidos. Mas me antecipo

Em primeiro lugar, Marina era uma menina rica com pais ricos. Sentia-se mal por isso, e talvez também por isso, fazia tanto pra que tentasse recuperar o que não teve mérito em ter desde que nascera. Muito comum hoje em dia, ainda que as viagens à Europa não sejam canceladas por “sou rica demais, ai, os pobres merecem minha atenção, mas meu dinheiro? Meu dinheiro… não.”

Otávio, que de otário não tinha além do quase-nome, era filho de carpinteiro. Trabalhara desde cedo em um serviço braçal. Tinha as veias saltadas, o pescoço firme, saliente, as costas eretas, um nariz pontiagudo e uma voz grossa. Otávio era anti-geração. Nunca entendeu de política e nem quis entender — e nem por isso sofrera.

A tarde na Pinacoteca fora memorável. O escape da superficialidade é quase sempre atraente. É sedutor, de fato, achar que o amor por caridade é básico. “Ah, Marina, Marina… por que tantas existem como você?”.

 

Marina sentia-se cada vez mais presa entre duas realidades: a vida luxuosa e vazia proporcionada por seus pais e a promessa de um amor verdadeiro com Otávio. (Que comum, não é mesmo?)

Marina logo descobriu que seus pais estavam investigando Otávio, desconfiados de suas intenções. Sentindo-se traída e sob intensa pressão, ela confrontou Otávio, acusando-o de estar com ela apenas por interesse. Otávio, ferido pela falta de confiança, se afastou, deixando Marina em uma profunda crise emocional. Marina, como qualquer garota que sempre foi feliz e nunca passou uma dificuldade espiritual, se viu vítima da sua própria situação. Marina, tão racional, tão “inteligente”, tão sagaz, tão politizada, esqueceu uma coisa elementar: o Fado.

Decidiu então passar um tempo sozinha na cabana da família na Serra do Mar, num deck de madeira luxuosa, cercada por árvores das mais variadas espécies e animais que poucos conhecem o nome. Enquanto estava lá, sentindo uma pulga que coçava ligeraimente o lóbulo da orelha, começou a investigar o passado de Otávio, descobrindo que ele tinha um segredo obscuro.

O jornal da época era claro: “Jovem é preso por suspeita de roubo em transportadora. Nega o crime, mas polícia investiga se sua sanidade mental estava em dia. Advogado recorre, mas desiste do caso após não receber honorários”.

Decidida a descobrir a verdade, Marina voltou à cidade e confrontou Otávio, que finalmente revelou tudo. Ele havia sido incriminado por um amigo próximo, o verdadeiro culpado, que desaparecera após o crime. Desde então, Otávio vivia com a sombra dessa acusação, lutando para provar sua inocência.

Marina, tocada pela sinceridade e pela vulnerabilidade de Otávio, decidiu ajudá-lo a limpar seu nome. Juntos, eles começaram uma investigação própria, revisitando antigas testemunhas e buscando novas evidências. Nem sempre lidar com o passado é fácil. Em fato; em realidade, há quem supere o passado esquecendo-o. Mas tanto faz…

Durante a investigação, Marina descobre algo chocante: o amigo que incriminou Otávio era, na verdade, seu próprio pai. Ele havia encoberto o crime para proteger a reputação da família. Ao confrontar seus pais, Marina se viu diante de uma escolha impossível: expor a verdade e destruir sua família ou abandonar Otávio e viver com a culpa.

A culpa persegue; a culpa domina: a culpa não tem seus escolhidos, ela simplesmente acontece, ela simplesmente te acompanha da maneira que sua consciência fora criada. Aliás, como guia seguro, a tal consciência é algo que faz menininhas como Marina sentirem-se menos puídas ou fétidas diante das injustiças sociais.

Pela primeira vez, Marina teve coragem. Confrontou e enfrentou o pai. Negou a mesada; negou a herança; negou as viagens à Europa, mas se viu só. Um quarto escuro, pequeno, onde baratas passavam de vez em quando pra dar o ar da graça. A revelação é sempre um escândalo e nem sempre os detalhes contam. Os pais de Marina, sem o tal escape, desolados, tristes por terem nascido com sorte, perderam tudo, e Marina, rejeitada pela alta sociedade que antes a idolatrava, viu uma chance de saber amar.

Embora agora enfrentem um mundo de incertezas, Marina e Otávio estão unidos pela verdade e pelo amor que superou todas as adversidades. Deixaram a cidade; deixaram a vida passada; deixaram a história por escrita, ou por escrever, como preferir. As sombras perseguem; as sombras eliminam qualquer chance de decisões, mas decisões, com sombras, sem sombras, precisam ser feitas, ainda que doa seus atuais valores que não têm valor nenhum.

 

 

 

O medo

02/07/2024

O medo é traiçoeiro. Escapa pelas frestas da consciência e libera um neurotransmissor do qual não me recordo o nome. Adrenalina, é claro. “Afinal, eu posso sentir o seu corpo”, disse Clapton. Sábias palavras, uma vez que sentir o corpo nada mais é que entender a si mesmo e o que você se torna capaz de se tornar com o que é capaz de fazer. Pra quem entende isso pela primeira vez, parece doer a alma, mas pra quem se acostuma com a verdade, nada lhe escapa aos olhos — talvez aos ouvidos, mas essa é outra história. Quem disse que amor é para amadores, disse porque amou errado. Não que haja amar certo, mas com conveniências, o amor se torna verdadeiro a tal ponto que a pessoa se vê em uma obrigação voluntária de acompanhar-te a todo custo, a todo preço, a toda decisão, a todo medo. O medo do desconhecido, pior ainda, é aquele que paralisa o lobo frontal, que te deixa invisível aos olhos de quem poderia te amar e te recolher. Recolhem-se as verdades; ficam-se as mentiras. O mundo é mentiroso. Eu posso sentir seu corpo. Paixão antiga, paixão antiga…

"Quem foi disse que inventava uma poesia de amor? Foi a Mili que disse? Fui eu quem disse!"

Chiquititas

A travessia

03/07/2024

Ouvindo um podcast, indaguei-me, de forma tão inesperada quanto pensar em escrever, de que a vida é necessária àqueles que têm receios de que sejam mal interpretadas. Ah, que chatice!

Os intelectuais de plantão — muitos deles bem apessoados e bem intencionados — insistem em dizer o que devemos ou não fazer; o que devemos ou não ler. Ah, mas que chatice! Haja paciência nessa travessia de gerações. Isso me lembra um caso peculiar do atendente Geraldo, que  depois de 20 anos no mesmo trabalho, decidiu largar tudo e ir vender coco na praia.

Os amigos, a família, a mulher, os filhos, tios, primos — a bagaça toda —, falou que ele era maluco.

De fato, Geraldo era. Atravessou oitocentos quilômetros de pura energia e vibração e quano chegou ao seu destino, não sabia o que fazer. O tempo passou, o mundo girou e Geraldo, sabiamente, soube se virar. A barraquinha virou um comércio; o comércio virou uma loja grande; a loja grande virou um conglomerado; o conglomerado virou aquilo que ele mais odiava.

Geraldo decidiu voltar. Atravessou o país e voltou. De fato, voltou. Largou tudo e voltou. Voltou, só pra atravessar; voltou só pela graça de poder contar uma história.

Gostou? Clica no logo aqui embaixo. Vai que de repente você é um editor famoso e eu fico rico com tão pouco.